{da série Book Lessons}
De tempos em tempos, é bom recorrer aos livros que te fizeram um pouco diferente, que te transformaram de alguma forma. Seja pelo autor, pela mensagem-chave que bateu certeira com o momento que você estava vivendo, ou ...pelo conteúdo que você usou, pôs em prática na vida real.
Já experimentou isso alguma vez?
Um Toc na Cuca inaugura a nossa série “Book Lessons”, em que vamos destrinchar alguns livros e seus ensinamentos. São obras que, por alguma razão, acreditamos que podem ajudar na empreitada no mundo dos negócios (e na vida prática também).
Pois bem, Roger Von Oech publicou “Um Toc na Cuca” em (pasmem!) 1988. Um cara que participou ativamente do desenvolvimento inovativo do Vale do Silício na Califórnia, nos anos 90 e 2000. Roger fez doutorado na Universidade de Stanford no programa interdisciplinar chamado "História de Ideias". E trabalhou como consultor de criatividade em empresas tipo Apple, IBM, Disney, Sony e Intel.
Em 1988 desenvolveu o Creative Whack Pack, um baralho de 64 cartas com ilustrações e estratégias para estimular a criatividade. Mais tarde, em 2004, a Creative Whack Pack se tornaria sua empresa, lançando uma série de brinquedos e jogos para a criatividade, como Ball of Whacks , X-Ball, Y-Ball, Star Ball, Eureka Ball (jogos com peças intercambiáveis tridimensionais para montar estruturas variadas).
Roger nos mostra o poder que tem a mente criativa em transformar uma coisa em outra, mudando a perspectiva. E o que é mais importante: nos explica como fazer isso.
Para ele, a vida contemporânea nos coloca em um contexto que não favorece a criatividade em nosso dia a dia. Roger acredita que podemos transformar ideias malucas, ou sem sentido, em trampolins para ideias novas e práticas. E dessa forma, adotando uma perspectiva criativa, a gente se abre para a mudança.
Mais do que nunca, estamos precisando potencializar nosso pensamento criativo, para conquistar mudanças reais e soluções potentes. Aquelas sabe? Que nos levam além do senso comum.
“Conhecimento é a matéria-prima para novas ideias, mas conhecimento só não basta.
O pensamento criativo supõe uma atitude, uma perspectiva que leva a procurar ideias e
manipular CONHECIMENTO + EXPERIÊNCIA.”
PENSAMENTO CONCRETO + PENSAMENTO ABSTRATO = PROCESSO CRIATIVO
Pois saiba que criatividade todo mundo tem. Mas por que uns parecem ter mais que outros?
Para Roger, a primeira razão é porque não precisamos ter pensamento criativo para resolver a maioria das nossas questões cotidianas.
Mas em determinadas situações, a vida nos exige mais complexidade de pensamento para encontrar soluções. E para isso acontecer, precisamos estimular um processo criativo, que é uma combinação do nosso pensamento difuso (ou abstrato) e do nosso pensamento concreto.
E quando utilizar cada um deles?
Segundo o autor, existem dois momentos do desenvolvimento de novas ideias: a fase germinativa em que as ideias são geradas e manipuladas (pensamento difuso) e a fase prática em que são avaliadas e executadas (pensamento concreto).
A similaridade com o Double Diamond (princípio do Design Thinking) não é mera coincidência: divergir (difuso) e convergir (concreto).
E na verdade, a maioria dos métodos de criação e design, se baseiam nesse princípio.
O problema é que o pensamento difuso só não rola com mais frequência, porque temos uma série de bloqueios mentais (assunto do próximo post).
Portanto, por favor, dê tempo ao pensamento difuso (o seu e o da sua equipe). Dê importância para a sua pira, para as maluquices, para a viagem... Beleza?
Sem isso, não tem ideia nova que preste.
BLOQUEIOS MENTAIS
Já os bloqueios mentais são a segunda razão para não termos pensamentos criativos com mais frequência e qualidade.
Esses bloqueios são atitudes e comportamentos que nos tolhem o fluxo criativo e fazem com que a gente sempre faça e pense mais do mesmo. Muitos deles foram ensinados na escola ou dentro de casa, ou seja, estão arraigados em nós (eita!). Portanto, segundo o nosso autor, é preciso esforço, ou uma ruptura para que aconteça o desbloqueio.
Uma das maneiras é exercitar a capacidade de desaprender aquilo que sabemos.
Um exemplo é a história de Gutenberg que foi capaz de unir dois conceitos em só, criando algo inovador. Ele “esqueceu” que as prensas de vinho são para fazer apenas vinho e que os cunhos eram apenas para cunhar moedas. Juntando tudo, criou a técnica da impressão.
Há inúmeras outras maneiras de romper com nossos bloqueios mentais, com mais ou menos dor. A esses momentos, Roger chama da “toc” ou "whack" (golpe). Mas o importante, é ficar ligado quais são esses bloqueios e como eles aparecem na sua vida.
Dá uma olhada, se alguns desses bloqueios estão boicotando a sua criatividade:
1. A RESPOSTA CERTA
2. ISSO NÃO TEM LÓGICA
3. SIGA AS NORMAS
4. SEJA PRÁTICO
5. EVITE AMBIGUIDADES
6. É PROIBIDO ERRAR
7. BRINCAR É FALTA DE SERIEDADE
8. ISSO NÃO É DA MINHA ÁREA
9. NÃO SEJA BOBO
10. EU NÃO SOU CRIATIVO
“Manter a energia criativa em fluxo constante é quase impossível quando se está sempre tentando ser prático, seguindo as normas, com medo de errar, ou evitando olhar para outras áreas.”
Pois bem, fique ligado que no próximo post vamos fazer uma análise de cada um deles, beleza?
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